O Som ao Redor é um filme do diretor Kleber Mendonça Filho, ambientado no subúrbio da cidade Pernambucana de Recife. O filme teve sua produção em 2012, porém foi lançado ao grande público em janeiro de 2013.
O Som ao Redor conta a história da "presença de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão. Ao mesmo tempo, casada e mãe de duas crianças, Bia (Maeve Jinkings) tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro de seu vizinho. É um filme sobre o que está a nossa volta, sobre ruas cada vez mais vazias e muros cada vez mais altos. Sobre câmeras de segurança, cachorros e, principalmente, pânico. Não o pânico produzido por um grande susto, mas sim aquele que existe diante da certeza permanente que algo de ruim pode acontecer. E no mundo de hoje, isso está nas mentes de adultos e crianças, como bem mostra o longa" (Adoro Cinema).
Ele foi indicado enquanto candidato brasileiro na disputa para o prêmio do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2014. A indicação do "O Som ao Redor" com certeza somente se deu por conta de um crítico do New York Times ter colocado o longa brasileiro num top dos melhores filmes de 2012. O que com certeza impulsionou toda a campanha pelo filme.
O Academy Award tem um histórico de premiar filmes notáveis, grandes obras do cinema cult, que o grande público as vezes rejeita. Filmes considerados cinema-arte, com bons roteiros, interpretações tinindo, direções, edições e montagens estupidamente incríveis.
O que acontece ao cinema brasileiro com certeza todos nós já sabemos "de cor e salteado". A falta de incentivo às produções, a escassez de recursos para realização de grandes obras é o obstáculo principal entre os grandes talentos do cinema brasileiro e a execução de filmes no país.
O Som ao redor se enquadra no que chamamos de cinema underground, o popularmente chamado "Udigrudi", cena alternativa, um filme para a cultura cinéfila que aprecia grandes obras. O filme apesar de ter sido realizado e distribuido com o montante de R$ 1 860 000 , conseguiu a proeza ter sido exibido em quase todas as capitais brasileiras e de estar na lista dos indicados ao Oscar 2014.
No entanto, o brasileiríssimo "O Som ao Redor", do grande diretor e guerreiro Kleber Mendonça Filho, junta-se a fortes concorrentes, como o francês “Renoir”, o iraniano "Le Passé", ou o italiano “La grande bellezza”, o dinamarquês “The Hunt” (Dinamarca)... filmes estes que possuem uma qualidade cinematográfica estupenda e foram resultado de grandes investimentos no projeto, aonde seus países e as produtoras parceiras trabalharam com milhões e milhões desde a pré-produção ao resultado final e sua distribuição.
Mesmo sendo produções milionárias no exterior, esses filmes ainda são colocados enquanto filmes do chamado cinema alternativo pois são realizações que almejam não o grande público ou o lucro que as produções comerciais aplacam, mas pretendem justamente abocanhar prêmios nos festivais e colocar o nome dos seus realizadores no patamar dos grandes cineastas da história.
A contrapartida é que o cinema no Brasil anda a passos de formiga, enquanto países como a França (o berço da sétima arte), ou o Estados Unidos, ou a Argentina, o Irã, o México, a Índia, entre outros países, incentiva fortemente as produções, por vislumbrarem um mercado promissor e que alavanca o nome do país pelas fronteiras afora, seja nos cinemas ou nos festivais.
O que percebemos ao assistirmos as outras produções da grande lista de indicados é que "O Som ao Redor" não teria pernas para disputar o grande prêmio de Melhor Filme Estrangeiro. Os fortes candidatos dão show de qualidades técnicas e artísticas no candidato brasileiro na corrida pelo Oscar.
O Som ao Redor é fraco do ponto de vista técnico e artístico. Não tem um bom roteiro, apesar de ser uma história alegórica do que se passa no bairro, entre os sons e os silêncios. Sobre as relações entre as classes sociais. Porém não é apenas isso que os críticos da Academia irão avaliar. O Longa não abriga grandes atuações. Não tem um boa fotografia. Não tem boa qualidade de áudio, de imagem... Entre outros pontos que poderíamos citar e citar.
Aplaudimos de pé a realização do diretor Kleber Mendonça Filho e vaiamos a Ancine, a agência pública de cinema do Brasil, porque não incentiva de forma eficaz a cinema brasileiro e batemos na cara das grande empresas e produtoras que não incentivam os filmes de arte, que precisam de incentivo financeiro e não apenas do velho tapinha nas costas.
"O Som ao Redor" é resultado de um país que não valoriza os seus cineastas, não valoriza o cinema, não valoriza a artes. O talento brasileiro perde-se na falta de incentivo às produções cinematográficas. Mas mesmo assim, os cineastas correm atrás para colocar nas telas seus trabalhos e sonhos. Andamos a passos de formigas. "O Som ao Redor" é uma boa alegoria, mas não vai chegar "as cabeças" da disputa pelo Oscar de Melhor Filme Estranheiro. O que é uma pena para o cinema brasileiro que desde o filme "Central do Brasil" de 1998, não disputa o prêmio no Oscar.
Em 2013 a lista dos indicados é composta por um recorde de 76 países. Os países estreantes na lista são Arábia Saudita e Montenegro. Desta grande lista serão pré-nomeados nove filmes, que depois será reduzida a apenas cinco nomeados, que serão revelados no dia 16 de janeiro de 2014. Esses cinco é que entrarão na disputa final ao prêmio de Melhor filme Estrangeiro da Academia.
Ano passado o vencedor do prêmio de Melhor Filme Estrangeiro foi o intenso "Amor", do talentoso diretor Michael Haneke. A cerimônia da entrega dos prêmios da 86ª edição do Oscar ocorrerá em 2 de março de 2014, vamos aguardar os acontecimentos e torcer no íntimo do íntimo para que o filme brasileiro chegue firme na disputa.
Assista o "O Som ao Redor", disponibilizado gratuitamente na internet.
Assista o "O Som ao Redor", disponibilizado gratuitamente na internet.
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